“A atividade turística é movida pela iniciativa privada”. A frase de Luis Fernando Bassani, o diretor-administrativo da NovAlternativa, ganha ainda mais força quando se contextualiza que ele fala isso em uma conversa sobre um ativo público. Tanto a iniciativa privada, quanto o Estado e, principalmente, as pessoas, ganham quando se faz uma Parceria Público Privada amparada em um contrato bem elaborado. Esse é o caso da Estação Campos de Canella, um projeto baseado em um contrato de 25 anos entre a NovAlternativa e a prefeitura de Canela que tem R$ 15 milhões de investimento e é o nosso case no Dia do Turismo.
Consciente de que é a iniciativa privada que movimenta a próspera indústria do turismo e da importância do trem para o desenvolvimento de Canela, foi a própria empresa quem procurou a prefeitura para oferecer a parceria. “Em 2016, nós apresentamos a ideia para o município de Canela. Nossos projetos foram aprovados e iniciamos a operação em 2018. O investimento foi sendo diluído, assim como as obras”, explica Bassani. A NovAlternativa assumiu parte da Rua Coberta e todo o complexo, que envolve a própria estação, a locomotiva e os dois vagões.
A previsão inicial era investir R$ 10 milhões, mas o valor acabou crescendo. E com os investimentos das operações do complexo, praticamente dobra. “Hoje, temos 27 operações, e a previsão é chegarmos a 40 ao final de todas as etapas”, adianta Bassani. Outra estimativa que acabou não se confirmando foi o pay back. A NovAlternativa esperava ter o retorno do investimento em quatro ou cinco anos, porém, com a pandemia, o prazo foi esticado para sete anos. Parte do investimento foi para a recuperação do ativo, que estava sem manutenção, e as PPPs chegam, entre outros motivos, para resolver essa deficiência do poder público de cuidar e fazer render lugares como a estação. “A locomotiva estava há 30 anos sem manutenção, tivemos que levá-la a outra cidade para ser recuperada e, quando a içamos, ela quebrou em dois pedaços”, lembra o empresário.
Além de obras, o lugar precisava de segurança, vigilância e outros serviços. Hoje, está recuperado e se tornou um atrativo com alto movimento em Canela, impulsionando o turismo e o desenvolvimento da cidade. São 250 empregos diretos e 600 fornecedores para as 27 operações, e a estimativa, quando as 40 estiverem funcionando, é chegar a 350 postos de trabalho. Essas pessoas convivem e atendem um volume de visitantes estimado em 1 milhão em um ano sem interferências. “Esse é um dado considerando um ano inteiro sem pandemia ou outras situações que impactem diretamente no turismo”, reforça Bassani.
Porém, as vantagens não são apenas econômicas. A recuperação da locomotiva e da estação preservam a cultura e a história da população de Canela, e a NovAlternativa leva isso muito a sério. “João Correa levava madeira da parte de cima da Serra para a parte de baixo e foi quem levou uma locomotiva para cima, fazendo com que o trem chegasse a Canela e, com ele, toda a atividade econômica. O trem é o grande ícone do nosso negócio, todas as famílias de Canela dependeram dele”, conta Bassani. Essa relação entre o trem e os moradores é muito forte, mais do que em outras cidades, e por isso tão valiosa para a empresa que assumiu o complexo.
Preservando essa identidade e investindo em recuperação e boas operações, hoje, a situação é completamente diferente da que existia em 2016, quando a NovAlternativa procurou a prefeitura. Segundo ele, o grande ícone de Canela sempre será a Catedral de Pedra. Depois dela, agora, há o Parque do Caracol e a Estação Campos de Canella, já que se tornou raro que um visitante visite a cidade e não circule por lá. Porém, junto com o turismo, a NovAlternativa tinha outro foco, e é por motivos assim, também, que uma PPP se consolida como um sucesso. “Não estamos apenas oferecendo mais um equipamento turístico, estamos devolvendo para a cidade a sua identidade com o trem”.
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